Crianças com deficiência evoluem com acompanhamento do Criança Feliz

Método estimula desenvolvimento com cuidados, carinho, atenção e brincadeiras para o fortalecimento de vínculos entre os responsáveis e a criança

Foto:Mauro Vieira
Campo Grande (MS) – O Programa Criança Feliz, do governo federal, demonstra diariamente que o acompanhamento, as orientações e os estímulos oferecidos impactam no desenvolvimento de crianças com deficiência, que exigem cuidados especiais. São contempladas aquelas com até seis anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de todos os filhos e filhas de famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais. É o caso do menino Arthur, em Campo Grande (MS), que nasceu com hidrocefalia. Contrariando todas as expectativas médicas, que deram seis meses de vida ao menino, ele já está prestes a completar 4 anos.

Ao olhar nos olhos escuros do bebê quando ele nasceu, a mãe, Andrea Santos, 41 anos, viu a materialização de um sonho. A chegada de Arthur foi a tradução de um desejo profundo de amor genuíno, de uma gravidez há muito esperada. Eles moram em uma casa pequena na periferia da capital do Mato Grosso do Sul. O quarto é o centro de um universo onde dias, horários, gestos e atenções giram ao redor do menino. Ali, no espaço extremamente limpo, as paredes brancas são praticamente as únicas testemunhas de uma alegria singela. Sozinha, Andrea cria Arthur e acompanha cada milagre da evolução dele.

A rotina de Andrea é cuidar de Arthur 24 horas por dia. Ele se alimenta por sonda desde que nasceu, tem traqueostomia desde os 9 meses – por conta de pneumonia repetitiva – e válvula para drenar o líquido da cabeça. “Passo momentos difíceis, mas não sou de ficar lamentando muito, não. Sorriso e felicidade aqui em casa não faltam”, garante.

Além do BPC, o que ajuda a mãe a lidar com o cotidiano é a visita periódica do Criança Feliz, que teve início em janeiro de 2019. “Quando o Criança Feliz chegou na minha porta, me senti mais amparada. O programa mostra que alguém, em algum lugar, está pensando na gente, está trabalhando, planejando e unindo forças. Anos atrás não tinha esses projetos. As crianças especiais nasciam e eram escondidas. Hoje não. Já sofremos muito preconceito, mas aos poucos isso está mudando”, avalia.

Em pouco tempo, o trabalho viria a surtir efeito, principalmente para a mãe. Além de se sentir mais forte, ela vê melhora nas interações do menino. “No dia que a visitadora vem, ela faz massagens nas mãos do Arthurzinho. Eu vejo que ele gosta porque ele sorri. É isso que deixa o cotidiano melhor”, destaca.

Já as conversas proporcionam alívio. “Eu choro, conto da minha semana com ele. Nós adoramos. Nessas conversas, eu soube que ele poderia ter acesso à fisioterapia motora, respiratória e fonoaudiólogo. Se não fosse o Criança Feliz, eu não saberia que ele poderia ter acesso a tudo isso”, explica.



Para fortalecer a família

No caso de Andrea e Arthur, a coordenadora do Criança Feliz em Campo Grande, Gizeli do Prado, ressalta a importância de levar informação até a mãe, a fim de fortalecê-la para enfrentar os desafios. Em todas as famílias, a chegada de um bebê interfere na dinâmica e no cotidiano. Quando a criança tem alguma deficiência ou problema de saúde, a ansiedade, angústia e a insegurança podem aumentar. Nesses casos, o Criança Feliz orienta e pode oferecer apoio por meio da rede de serviços de saúde e assistência social.

Para atingir os resultados do programa, além de uma boa equipe, o município conta com a atuação firme do Comitê Gestor. O programa se fortalece quando vários setores entendem que a família não pertence só ao Criança Feliz, mas a um território, a um município e a uma sociedade. O comitê é uma das principais estratégias de articulação intersetorial para direcionar as demandas que surgem das famílias nas várias áreas, como educação, saúde, direitos humanos e cultura. Nele, são discutidas responsabilidades por encaminhamentos e repassadas orientações técnicas complementares, com informações de cada uma das áreas, por exemplo. “O programa mexeu com a rede, trouxe intersetorialidade. Essa articulação com políticas integradas faz toda a diferença, tanto para a capacitação continuada com os visitadores, quanto para as oficinas com as famílias”, afirma. O trabalho conjunto é fundamental para políticas públicas como o Criança Feliz, que visa a garantia da atenção integral às crianças na primeira infância.

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, explica que o Criança Feliz foi desenvolvido com base em técnicas rigorosas e segue metodologia defendida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). “O método do Criança Feliz busca o estímulo com cuidados, carinho, atenção e brincadeiras para o fortalecimento de vínculos entre os responsáveis e a criança. Assim, ele permite o desenvolvimento dos potenciais mesmo de quem precisa de cuidados especiais. Por isso, nós vamos trabalhar cada vez mais, para que o programa fique cada vez mais forte e chegue a cada vez mais pessoas”, afirma.
Saiba mais - Coordenado pelo Ministério da Cidadania por meio da Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, o Criança Feliz promove o desenvolvimento adequado na primeira infância, integrando ações nas áreas de saúde, assistência social, educação, justiça, cultura e direitos humanos. Até o momento, o programa está presente em 2.620 municípios brasileiros e já atendeu mais de 781 mil crianças e gestantes. No total, mais de 21,2 milhões de visitas domiciliares foram realizadas por cerca de 18,8 mil profissionais capacitados que orientam sobre o desenvolvimento das crianças de até três anos inseridas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal e de até seis anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
*Por Diego Queijo
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cidadania

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