“É água limpinha da chuva do lado de casa”
Projeto Sanear Amazônia leva água de qualidade e saneamento básico para 2,8 mil famílias de reservas extrativistas da Amazônia
publicado
22/0
Brasília – De
longe, na estrada que vai até a Reserva Extrativista Chico Mendes no
seringal Porongaba, região de Brasiléia, no Acre, a paisagem da casa do
extrativista Francisco Soares de Melo, 51 anos, chama a atenção: duas
caixas d’água e o banheiro colorido em laranja e verde. Com um sorriso
tímido e olhos de admiração, ele mostra cada canto da nova tecnologia
construída pelo Projeto Sanear Amazônia, parceria entre o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Memorial Chico Mendes.
“Essa tecnologia chegou em boa hora. É água limpinha da chuva do lado
de casa”, comemora seu Francisco.
Duas caixas d’água vão armazenar um total de seis mil litros de
água, captada da chuva pelo telhado da residência. Seu Francisco lembra
que, por anos, toda a família tomava a água do igarapé, sem nenhum
tratamento – situação comum para a população mais pobre da região
amazônica. “Os meninos tinham muita dor de barriga quando pequenos. Deve
ter sido por causa da água que a gente tomava.” Em 2005, com uma
situação financeira melhor, a família conseguiu comprar uma bomba e
levar água da fonte até um reservatório.
Além da água de qualidade, o Sanear Amazônia vai garantir
saneamento básico às famílias, outro problema na Amazônia. Pequenas
casas, afastadas da residência principal, onde ficam as fossas, podem
ser vistas na reserva. As famílias convivem com a contaminação do solo e
as doenças decorrentes da falta de tratamento do esgoto. Os novos
banheiros terão fossa séptica, vaso sanitário e chuveiro. “Vamos deixar
de levantar à noite, no sereno, na chuva e até mesmo no meio do sol
quente para fazer as necessidades”, conta o extrativista.
Na propriedade, moram Francisco, a esposa Cleonice e uma filha de 7 anos. Os outros três filhos – entre 23 e 25 anos – “já se arrumaram”. “Duas já casaram, o menino foi para o Exército, lá em Rio Branco”, detalha seu Francisco.
A família colhe a castanha-do-Brasil, produto vendido por cerca
de R$ 30, a lata, para a Cooperativa Central de Comercialização
Extrativista do Acre (Cooperacre). “Depende muito da colheita, mas
conseguimos umas 30 latas por mês.” Cleonice complementa a renda com um
salário mínimo que ganha como agente comunitário de saúde de Brasiléia.
Com carinho, seu Francisco fala sobre a importância do trabalho da
esposa. “Ela me ensinou a tratar a água para beber. Colocar o
hipoclorito de sódio, por exemplo.”
Acesse o infográfico:
Para consumo da casa, eles plantam milho, feijão, frutas
regionais, e têm algumas ovelhas e cabeças de gado de leite e de corte.
“Eu quero aumentar a produção de mandioca e comercializar. Estou
planejando isso, o comércio aqui é bom.” Com a vida melhorando,
Francisco e Cleonice não escondem o grande sonho. “Meu sonho é ter uma
casa boa e um transporte melhor; um carro bom”, diz ele, com as
bochechas coradas pela timidez.
Projeto – O Sanear Amazônia vai beneficiar 2,8 mil
famílias de oito reservas extrativistas distribuídas em 14 municípios do
Acre, Amazonas, Amapá e Pará. As famílias terão acesso à água por meio
das tecnologias sociais Sistema de Acesso à Água Pluvial Multiuso
Comunitário e Sistema de Acesso à Água Pluvial Multiuso Autônomo.
Indiretamente, o projeto deve atingir oito mil famílias. Ao todo, o
governo federal está investindo R$ 35 milhões na ação.
Mais que uma comodidade, o banheiro terá um papel importante na
conservação das áreas de floresta das reservas extrativistas. “Com os
banheiros de alvenaria, teremos a destinação correta dos dejetos. Essa é
a grande importância que esse projeto traz para as 2,8 mil famílias”,
ressalta o presidente do Memorial Chico Mendes, Antônio Adevaldo Dias.
Informações para a imprensa:Ascom/MDS(61) 2030-1021www.mds.gov.br/area-de-imprensa
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